domingo, novembro 29, 2009

Volpi e poesias

(misturando um pouco pintura e poesia)

Alfredo Volpi.
Fachada das Bandeiras Brancas, déc. 1950.
Óleo sobre tela, 155 x 102 cm. Coleção Particular


A obra de Alfredo Volpi, Fachada das Bandeiras Brancas, é uma obra bastante simples do ponto de vista técnico. Apresenta apenas três cores: branco, azul e marrom e, as formas escolhidas pelo artista também são muito simples. Bandeirinhas são quadrados recortados por triângulos, telhados são retângulos marrons horizontais e as portas, retângulos verticais. Cada porta tem batentes brancos que formam arcos compostos por quatro triângulos marrons. Tudo muito simples. Apesar das poucas cores e formas, vemos claramente as casas, a rua e até profundidade no chão de terra batida.
O conteúdo do quadro é muito simples: casinhas em estilo colonial, muito humildes, bandeirinhas que são usadas nas festas populares, a economia das formas e das cores.
Não posso ficar apática ao olhar para essa tela. Sua simplicidade me remete à minha infância simples em uma pequena cidade do interior de São Paulo. Na época, a rua em que vivia era repleta dessas casas e o povo enfeitava as ruas de bandeirinhas na época das festas. Não só nas festas juninas como muitos pensam, e de pronto rotulam as obras de Volpi, mas em todas elas. As bandeirinhas eram símbolo de festa e se havia alguma, lá estavam elas para colorir a cidade.
Minha origem simples também fez com que me identificasse com os poemas “Ditirambo”, de Oswald de Andrade e “Cidadezinha qualquer” de Carlos Drummond de Andrade, que, assim como a obra de Volpi, falam de simplicidade. Esse foi o verdadeiro motivo pelo qual escolhi esse conjunto para comentar.

Ditirambo

Meu amor me ensinou a ser simples
Como um largo de igreja
Onde não há nem um sino
Nem um lápis
Nem uma sensualidade
(Oswald de Andrade, Pau-Brasil, p. 99)

Quando leio “Meu amor me ensinou a ser simples” penso em minha cidade. Ela é o sujeito de minha leitura desse poema. Foi ela quem me ensinou a ser simples “como um largo de igreja”. Foram as fachadas coloniais, as bandeirinhas que me fizeram ver as coisas simples e valorizá-las.
Quando penso sobre o título do poema: “Ditirambo”, penso no significado simples dessa palavra. Ditirambo é uma poesia lírica que exprime entusiasmo ou delírio. Também era o canto em honra ao deus Dionísio. Sai da cidadezinha simples das casinhas coloniais e das bandeirinhas para estudar teatro, a arte abençoada por Dionísio, em uma cidade grande. O contraste entre o simples e o complexo sempre me chamou a atenção. Por esse motivo, assim como Oswald, me entusiasmo com o simples. Foi o meu amor que me ensinou a ser assim, não foi qualquer um. Foi meu amor que me ensinou a ver beleza no pouco, no mínimo. A buscar o simples no meio da confusão. Como as bandeirinhas de Volpi.
Me chama a atenção o fato de elas não seguirem exatamente o mesmo padrão. Há três fileiras de bandeirinhas, mas a de cima parece destoar das duas de baixo. Apesar de terem a mesma cor e estar em mesmo número, a primeira fileira não acompanha a simetria das outras duas, como se estivesse em outro plano ou então, como se simplesmente estivessem assim para causar estranhamento. Talvez Volpi preferisse deixar assim para que o quadro não ficasse tão estático, talvez quisesse mostrar que as bandeirinhas feitas pelo povo não seguiam exatamente o mesmo padrão, já que muitas mãos ajudavam a colocá-las no alto. Lembro-me novamente de minha infância. Sentada no chão da calçada, tesoura na mão, cortando bandeirinhas. Cola de trigo para prendê-las no barbante e depois a briga entre a criançada para ver quem ajudaria a pregá-las no alto. Sempre ficavam tortas, mas nunca ficavam tristes. Quantas mãos ajudavam nesse labor. Elas eram sempre simples, mas nem por isso deixavam de ser a principal marca das festas. Quadradinhos de papel de seda que tirávamos os triangulinhos. Tão pouco, tanta alegria.

Cidadezinha qualquer

Casas entre bananeiras
mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar.

Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
Devagar... as janelas olham.

Eta vida besta, meu Deus.

(Carlos Drummond de Andrade, Alguma poesia, coligido em Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002, p. 23)

O poema de Carlos Drummond de Andrade fala de outras tantas coisas que me fazem lembrar esse tempo. As “casas entre bananeiras”, as “mulheres entre laranjeiras”, o “pomar”. Tanta coisa simples, mas ao mesmo tempo com tantos significados para mim. Na minha realidade não eram apenas as casas na roça que tinham jardim e pomar, mas as casas da cidade também. Lá era assim – ainda continua um tanto assim em um tanto de lugares. Lá, a vida vai mais devagar. Lá as mulheres conversam entre as laranjeiras. Lá as casas estão entre as bananeiras.
Graças a minha vivência pude entender o poema “Cidadezinha qualquer”, porque vivi em uma cidadezinha qualquer, aonde “um homem vai devagar”, “um cachorro vai devagar”, “um burro vai devagar”. Mais uma vez vejo a obra de Volpi e sinto que as pessoas que habitam aquelas casinhas, vivem assim: devagar. A simplicidade é calma. A simplicidade não exige que tenhamos pressa.
Já vi muitas pessoas que, ao olharem para obras como essa, de Volpi, sentem tédio. Elas parecem se incomodar com a simplicidade da obra, com a falta de informações, com a calma. Talvez por serem pessoas que não conhecem o “devagar”, talvez por não terem aprendido a ser simples “como um largo de igreja”. Na cidade em que se corre, Volpi pode incomodar.
Ao terminar sua poesia com “Eta vida besta, meu Deus.”, Carlos Drummond de Andrade pode parecer uma dessas pessoas. Não entende a “vida Besta” de quem anda no lugar de correr. Mas será que é besta? Será que viemos ao mundo para correr? Prefiro “pomar amor cantar”. Por outro lado, a expressão “Eta vida besta, meu Deus” pode também se referir ao linguajar desse povo. Pode ser um suspiro desse pobre que vive a vida devagar. Já que a vida nas cidadezinhas não é um mar de rosas.
Sempre vi as bandeirinhas de Volpi como símbolos do simples, do povo, do pobre. Não há glamour nessa vida, e sim muito suor e muita labuta. O bonito é que mesmo com todos os problemas, com todas as dificuldades, a vida continua sendo celebrada. As bandeirinhas continuam a ser feitas e penduradas no alto, as pessoas continuam cantando e amando. E a cidadezinha qualquer continua ensinando que o importante são as pequenas coisas, as coisas simples. Continua ensinando que o pouco pode ser mais, desde que tenha significado.

terça-feira, novembro 24, 2009

HOSTEL

Não encontrei o artigo que comentei com alguns de vocês. Não está mais no site. Bom, resolvi então escrever eu mesma o meu!

HOSTEL (2005) // HOSTEL PART 2 (2007)
Dir.: Eli Roth

A princípio, “O Albergue” é só mais um filme gore, repleto de sangue, carnificina e mulheres semi-nuas. Depois de pensar um pouco sobre esse filme a idéia que tenho é diferente. “O Albergue” é um filme cheio de sangue, carnificina e mulheres semi-nuas? Sim, mas apesar disso consegue inovar. O primeiro filme apresenta um começo bem banal, quase uma comédia adolescente... Jovens que vão para a Europa em busca de diversão, sexo e drogas. Tudo parece divertidíssimo! Estão em Amsterdam, cidade conhecida por permitir a venda e o consumo de maconha em seus famosos coffee shops e por ter a prostituição legalizada e organizada, com moças se oferecendo em vitrines como objetos. E os personagens estão lá, desfrutando os prazeres do distrito vermelho quando descobrem que há um lugar na Europa ainda mais “legal” que aquele: uma pequena cidade na Eslováquia. E partem pra lá! Quando chegam são levados para um albergue e, bom, aparecem garotas lindas e “fáceis”. Só que o que eles não sabem é que foram levados ali para serem abatidos, como animais por um bando de ricos sádicos que pagam para se divertir. E ai começa a carnificina! Se você é do tipo que se impressiona facilmente com sangue e corpos sendo mutilados é melhor fechar seus olhinhos! Eli Roth não economiza em sangue e gosma! E, faz isso assumidamente. Alguns outros filmes gore, entre eles a famosa série “Jogos Mortais” usa tomadas um pouco mais escuras e até granulação, pras imagens não ficarem tão nítidas. Em “O Albergue” é tudo bem iluminado! Há cenas, inclusive, que se você prestar atenção até parecem reais... bem reais, como se aquelas pessoas realmente estivessem sendo torturadas. Dá até a impressão que rolou uma certa tortura psicológica para conseguirem alguns olhares de desespero. E é isso. Sangue, muito sangue.
Ai a trama continua em “O Albergue 2”. A história começa meio parecida. Mas agora são garotas que estão na Europa fazendo cursos e resolvem curtir. Conhecem uma moça bonitona (que no começo do filme é modelo vivo do curso de desenho que elas estão fazendo) que as convida pra ir pra Eslováquia... e, adivinha pra que albergue elas são levadas?? Pois é, pro mesmo! Quando você vê o atendente, na hora reconhece! Lá está ele! O cara gentil e com carinha de fofo! E ai acontece mais ou menos a mesma coisa que no primeiro. As meninas saem pra se divertir e acabam sendo capturadas e levadas ao mesmo local sinistro para serem abatidas.
O que me faz gostar muito do “2” é que eles nos mostram como as coisas acontecem. Fica mais claro como acontecem os leilões, como é o processo dos caçadores. Isso, na minha opinião deixa o filme mais sádico ainda. Há menos sangue, menos carnificina. Talvez esse seja o motivo pelo qual a maioria prefere o primeiro. O segundo nos faz pensar mais sobre a situação toda... o quanto o dinheiro está envolvido na história, o quanto as pessoas são sádicas.
O mais bizarro é que, segundo o próprio diretor, o filme foi baseado em um website que oferecia um serviço de atirar em uma pessoa por U$ 10 mil. Esse serviço não existe mais (pelo menos não que eu saiba!) porque obviamente os donos da ideia se sentiram ameaçados! (Tadinhos! Hehehehe). Saber isso pode te deixar com mais raiva e indignação ao ver o filme. Caso duvide que um ser humano seja capaz de cometer tal atrocidade, pense no terrorismo, no tráfico de drogas, na pedofilia, no playboy que ateou fogo num índio em Brasília anos atrás, no massacre da Candelária no Rio, no menino João Hélio que foi arrastado preso pelo cinto de segurança do carro, na Isabela que foi jogada pela janela... e por ai vai. O mais terrível é pensar na quantidade de pessoas que desaparecem todo dia misteriosamente, sem deixar nenhum vestígio. Não duvido que existam pessoas que realmente sejam sádicas o suficiente para cometer coisas como os ricos de “O Albergue”... Pensem mesmo! Quantos jovens somem sem motivo. Numa época que existe internet, telefone... será que é possível simplesmente se perder e ninguém achar, não conseguir encontrar o caminho de volta?
O dinheiro é o que conta mais... Ele que acaba valendo mais que a vida. Caramba! Mais que a vida!!! Quem tem mais dinheiro leva o prêmio! Matar é só uma questão de ter dinheiro pra fazer isso sem que você seja culpado por isso. Ter a sensação de matar alguém sem ter a preocupação de ir pra cadeia. Oh, que sensação de poder! (É isso que o filme mostra).
Bom, eles vendem vida no filme. Você compra pra acabar com ela, e não de forma rápida... afinal de contas pagou caro por isso. Deve ser desfrutada como um precioso vinho.
O que gosto é o jeito como Eli Roth apresenta essa associação que organiza esses massacres. Algo absolutamente organizado, cheio de pessoas ricas, poderosas e influentes. Acima de qualquer suspeita. Coisa do tipo: seu vovô com cara de Papai Noel poderia ser um deles sem despertar qualquer suspeita. Isso deixa o filme ainda mais sádico.
Outra coisa interessante é o contrato que se faz com essa associação. Uma vez assinado o acordo de compra, você está preso ao contrato. Tem que fazer aquilo que comprou... Não há direito de devolver o produto! A quebra do contrato significa a morte. Mais uma vez o dinheiro e a organização (e as pessoas que fazem parte dela) falando mais alto.
Preciso contar o final do segundo filme (desculpa pelo spoiler), mas é importante na minha visão. A mocinha bonitinha do segundo filme, que também é presa e capturada, consegue reverter o jogo. (Essa relação dela com o cara que a comprou é ótima! Mas não darei mais detalhes). Ela tem dinheiro, muito dinheiro... E por isso, ela vale mais que ele.
A cena final é ótima! Sádica, mas ótima!
Pensem nessas coisas: como o homem é sádico. Como o homem deseja a sensação de poder! Como o homem se sente bem com o sofrimento alheio... São coisas mostradas exageradamente nesse filme, mas que fazem a gente pensar muito. Claro que não saímos por ai matando pessoas (eu pelo menos não saio... espero que vocês também não!), mas pensem nessas coisas. Cada um ao seu modo, somos assim. Temos que controlar nossos instintos.

Ninguém é verdadeiramente bom, ninguém é verdadeiramente mau.
Nos resta escolher pra qual lado nossa balança vai pender.

Bom, espero que vocês vejam esses filmes com outros olhos.

PS.: repito aos desavisados que esses filmes são de terror, altamente violentos, cheios de sangue, carnificina... Também aparecem drogas e sexo. (Não estou recomendando que ninguém que não está acostumado com esse tipo de coisa veja os filmes!!!) Sei que muitos de vocês já assistiram. Quem não viu, cuidado! Se você viu “Jogos Mortais” e ficou assustado, teve nojo, não dormiu a noite, passou mal... nada de ver “O Albergue”. Se você não viu, está curioso, mas acha que vai passar mal, veja só o 2. Dá pra entender a história e é bem mais leve em matéria de sangue.

Beijocas a todos!

Cena "bonita" do filme. Não tem sangue! Mas é legal!

domingo, novembro 08, 2009

Música Brasileira II

No final do século XIX começa a surgir um novo tipo de música nacionalista: aquela que mistura elementos da música popular brasileira (folclórica) com as técnicas de composição erudita.

Claro que, dos compositores que usam esse tipo de estratégia, o mais famoso é Heitor Villa-Lobos... mas é importante lembrar que não foi ele quem "inventou" isso!!! Alguns outros compositores, entre eles Basílio Itiberê da Cunha, já no século XIX faziam essa mistura.

Villa-Lobos participou da Semana de Arte Moderna.

É um dos músicos brasileiros mais reconhecido lá fora.







Depois de Villa-Lobos surgem outros músicos com a intenção de encontrar uma linguagem nacional.
Entre eles, os mais conhecidos são: Camargo Guarnieri, Guerra Peixe, Radamés Gnatalli, Luciano Gallet, Oscar Lorenzo Fernandes, etc.


Esse video mostra imagens de Cândido Portinari com música de Camargo Guarnieri.

Com ideias opostas surgem os Vanguardistas. Eles buscam uma linguagem UNIVERSAL para a música.
Além disso se preocupam com as novas técnicas de composição (como o atonalismo e o dodecafonismo).

Alguns músicos de vanguarda (dos mais antigos e dos mais novos): Gilberto Mendes, Willy Correa, Jorge Antunes, Fernando Iazzetta, Flô Menezes...

http://www.flomenezes.mus.br/
http://www.eca.usp.br/prof/iazzetta/

Visitem esses sites!!!
O Flô Menezes é professor do IA UNESP e o Fernando Iazzetta da ECA USP.

Música Brasileira I

Olá meus queridos
Como aconteceu de eu não entrar em algumas salas pra fazer revisão, resolvi vir até aqui e postar algumas coisinhas pra vocês. Mas repito o que já disse outras vezes: só dar uma olhada aqui não é o suficiente. É indispensável prestar atenção nas aulas!!!!!!

PERÍODO COLONIAL

Lembrar da importância da música na catequização dos índios no período colonial.

Além disso, quando os jesuítas ouviram as músicas que os índios cantavam perceberam que elas eram bastante parecidas, pelo seu caráter monotônico, com o canctochão.

Ah, também há indícios de que os índios era muito bons cantores!

SÉCULO XIX

O principal músico desse período é Antônio Carlos Gomes. Sua principal obra é, com certeza, a ópera "O Guarani", baseada no romance homônimo de José de Alencar.

Assim como na pintura, a música do século XIX está preocupada com a criação da identidade nacional. Se lembrarmos das obras pictóricas feitas na época da Academia Imperial de Belas Artes - que eram feitas com técnica neoclássica, acadêmica, européia e tinham o tema / assunto nacional (que podemos até relacionar ao romantismo no sentido nacionalista) fica bem fácil entender as músicas dessa época.
Ou seja, elas também eram feitas com a técnica erudita européia e tinham o tema / assunto nacional.



Este video mostra um trecho da abertura da ópera com a orquestra sinfônica da Petrobras.

No século XIX esse espírito nacionalista fez com que fossem compostos hinos cívicos.

O Brasil tem quatro hinos cívicos:
Hino Nacional: (música de Francisco Manoel da Silva com letra de Joaquim Osório Duque Estrada)




Hino da Independência: (música de Dom Pedro I com letra de Evaristo da Veiga)


Hino da Proclamação da República: (música de Leopoldo Augusto Miguez com letra de Medeiros e Albuquerque)


Hino da Bandeira: (música de Francisco Braga com letra de Olavo Bilac)


continua....

terça-feira, outubro 20, 2009

Help mais uma vez

Olá bonitinhos e bonitinhas!

Aqui estão alguns posts antigos que podem ajudar vocês!
Lembrem-se que nada é melhor que um bom aproveitamento em sala de aula! Poder perguntar, participar...

Esse é um post que tem uma revisão de arte moderna, com algumas vanguardar. Vale a pena!
http://prosalunos.blogspot.com/2008/02/revendo-arte-moderna.html

Sobre Picasso (só pra quem gosta dele! hehehehehe)
http://prosalunos.blogspot.com/2008/04/35-anos-sem-picasso.html

Sobre o fauvismo:
http://prosalunos.blogspot.com/2006/10/um-pouco-de-arte-moderna-fauvismo.html

Cubismo:
http://prosalunos.blogspot.com/2006/10/cubismo.html

Expressionismo:
http://prosalunos.blogspot.com/2006/09/expressionismo.html


Bom, acho que dá pra ajudar.

Gosto muito de vocês... e espero que vocês possam gostar um pouquinho mais (pelo menos) de arte moderna! =)

Abraços e
Viva, viva!

sexta-feira, outubro 02, 2009

Cacilda Becke

Já que comentei sobre Cacilda, a grande - talvez maior - atriz do Brasil, resolvi postar aqui um lindo poema de Carlos Drummond de Andrade




ATRIZ



"A morte emendou a gramática.
Morreram Cacilda Becker.
Não era uma só. Era tantas.
Professorinha pobre de Piraçununga,
Cleópatra e Antigona
Maria Stuart
Mary Tyrone
Marta de Albee
Margarida Gauthier e Alma Winemiller
Hannah Jelkes a solteira
A velha senhora Clara Zahanassian
Adorável Júlia
Outras muitas, modernas e futuras
irreveladas.
Era também um garoto descarinhado e astuto: Pinga-Fogo
E um mendigo esperando eternamente Godot.
Era principalmente a voz de martelo sensível
martelando e doendo e descascando
a casca podre da vida
para mostrar o miolo da sombra
a verdade de cada um nos mitos cênicos.
Era uma pessoa e era um teatro.
Morrem mil Cacildas em Cacilda".



Cacilda Becker Yáconis (Pirassununga SP 1921 - São Paulo SP 1969).

Cacilda!!!

Não posso deixar de divulgar!!!!!

Vejam! Sintam! Experimentem! Aproveitem! Cantem! Participem!!!!!

A Primavera de 2009 será diferente, pré anunciada pela energia de ressurreição que traz para a cena a eterna Cacilda Becker, em montagem da companhia Teatro Oficina Uzyna Uzona com patrocínio da PETROBRAS.
A Cia. Teatro Oficina Uzyna Uzona faz a estréia de ESTRELA BRAZYLEIRA A VAGAR – CACILDA!! (duas exclamações) para uma curta temporada que conta com o patrocínio da Petrobras através da Lei de Incentivo à Cultura do Governo Federal.
Escrita e dirigida por José Celso Martinez Correa e Marcelo Drummond, CACILDA!! estréia em SamPã, para despertar a Primavera em nosso corpo de multidão, como aconteceu com a Tropicália em 1967, no mundo inteiro em 1968 e nos anos 40, com a geração de Cacilda Becker.



Gente, quanta história de arte brasileira tem nesse espetáculo! Quanta oportunidade de conhecer de perto elementos fundamentais!

Mais uma vez apelo: VEJAM!!!!! PARTICIPEM!!!!!! VIVAM!!!!!
(Pra quem não abriu a imagem e, por isso, não conseguiu ver direito os dados:)
estréia dia 03 de outubro
Sábados e domingos 18h (Vale lembrar que as peças do Zé Celso costumam ser longas... Nada de achar que 19h já acabou! Nem 20h, nem 21h)
(SOMENTE até 15/11)
Rua Jaceguai, 520 - Bixiga
(Não recomendado para menores de 14 anos)

quinta-feira, setembro 24, 2009

A cidade está "bombando"!

Viva a arte!!

A cidade de São Paulo está repleta de exposições importantes. Gostaria muito que vocês pudessem aproveitar essa oportunidade de conhecer artistas importantes como os que estão a mostra no momento. Geralmente, oportunidades como essa só acontecem quando você pega as malas e atravessa o Oceano Atlântico rumo Europa ou então, pega as malas rumo aos "Esteites". Ou seja: oportunidade fantástica de conhecer de perto, ao vivo, obras de arte importantíssimas gastando pouco (na maioria das vezes, só o dinheiro do "busão").

Aqui estão as imperdíveis:

Matisse Hoje
LOCAL: Pinacoteca
Funciona de terça a domingo, das 10 às 18h
Ingresso combinado (Pinacoteca + Estação Pinacoteca): R$ 6 ou 3,00 (estudante). Grátis aos sábados.
Metrô/ trêm CPTM - estação LUZ.
Vai até 01 de novembro de 2009.

A famosa obra "A dança" não está ai, mas mesmo assim tem muitas outras interessantes e importantes. Destaque para o livro-arte Jazz (que eu adoro!!!).

O Cubismo e seus entornos na coleção da Telefonica
LOCAL: Pinacoteca
Vai até 01 de novembro de 2009.

(Oba! Dá pra ver no mesmo dia que você for ver o Matisse!)
Bom, você não encontrará nenhum Picasso, mas tem outras coisas bem interessantes. Acho ótimo pras pessoas verem que há muito mais que Picasso no Cubismo (e aproveito pra lembrá-los que Picasso teve um momento da vida no Cubismo, mas sua obra é bem mais que isso). Tem Gris, Lhote... e até o brasileiro Vicente do Rego Monteiro (que participou da semana de 22).

Uma aventura moderna - Coleção de Arte Renault
LOCAL: MAC
GRÁTIS
MAC USP Ibirapuera - Pavilhão Ciccillo Matarazzo, 3º piso
Terça a domingo das 10 às 18 horas
Vai até 15/12/2009

A exposição tem 81 obras da coleção de arte da montadora francesa Renault. Tem artistas como Joan Miró, Jean Dubuffet, Victor Vasarely, Arman, Erró e Niki de Saint Phalle. Vale demais a pena!!!

Ainda no MAC Ibirapuera podemos ver obras em papel de Pierre Soulages, Jean Tinguely, Henri-Georges Adam e Jean Rustin, entre outros artistas (parte da exposição A França no MAC - que está, na verdade, no MAC USP)

A França no MAC
LOCAL: MAC USP - Cidade Universitária
GRÁTIS
Rua da Reitoria, 160
Terça a sexta das 10 às 18 horas, sábados, domingos e feriados das 10 às 16 horas
Vai até 15/11/2009

No MAC da Cidade Universitária estão pinturas e esculturas de André Masson, Georges Braque, Henri Matisse, Cesar Baldaccini, Kandinsky, Chagall, Picasso e Fernand Léger, entre tantos outros. Ou seja.... muuuitos artistas importantes!

Virada Russa
LOCAL: CCBB
Rua Álvares Penteado 112. Centro
Metrô Sé
GRÁTIS
De terça a domingo, das 10h às 20h
Vai até 15/11/2009

A exposição está focada na produção artística criada na Rússia desde o começo do século XX até a década de 1930. Podemos ver a produção de importantes artistas do período, como Kandinsky, Maliévitch, Chagall, Rodchenko, Tátlin, Goncharova, entre outros.

Além dessas, destaco a exposição do estilista CHRISTIAN LACROIX no MAB - FAAP (Exposição "Christian Lacroix - traje de cena". É de graça, na FAAP, até dia 1º de novembro). A exposição está linda e é imperdível para aqueles que gostam de teatro e de moda.

Se procurarem um pouco mais ainda encontrarão outras exposições não tão "bombadas" mas também muito interessantes!!! Espero que a dia tenha ajudado!

Abraço a todos!

segunda-feira, setembro 14, 2009

Um outro help, caminhos

Para relembrar... coloco aqui, em evidência, o post sobre Hélio Oiticica e Lygia Clark.
http://prosalunos.blogspot.com/2008/08/arte-contempornea-brasileira.html

Só pra ilustrar:
Teoria do não-objeto
Trecho do Diálogo sobre o não-objeto - parte 1 (Ferreira Gullar, 1959)

Que é o não-objeto?
FG: É preciso primeiro saber o que entendo aqui por objeto. Entendo aqui por objeto a coisa material tal como se dá a nós, naturalmente, ligada às designações e usos cotidianos: a borracha, o lápis, a pêra, o sapato etc. Nessa condição, o objeto se esgota na referência de uso e de sentido. Por contradição, podemos estabelecer uma primeira definição do não-objeto: o não-objeto não se esgota nas referências de uso e sentido porque não se insere na condição do útil e da designação verbal.

Outra excelente referência de arte é a Enciclopédia Virtual do Itaú Cultural. Ela é incrível!!!

Enciclopédia de Artes Visuais:
http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm

Grupo Ruptura na Enciclopédia do Itaú Cultural:
http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=marcos_texto&cd_verbete=337

Grupo Frente na Enciclopédia do Itaú Cultural:
http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=marcos_texto&cd_verbete=336

É uma fonte de consulta confiável!

Alguns artistas de hoje em dia

Um pouco sobre alguns artistas atuais brasileiros.

Bom, não quero colocar nesse momento minha opinião sobre eles. Não gosto de todos eles... mas a ideia aqui não é julga-l0s (por hora), mas apresentá-los.









(Video bem interessante sobre o Vik exibido no programa Vitrine da TV Cultura no dia 02/05/2009).

Ah... o Vik Muniz fala que os adolescentes são os mais difíceis de se agradar!!! hehehehe

Beatriz Milhazes
http://www.fortesvilaca.com.br/artista/beatriz-milhazes/











(Trecho de uma entrevista realizada no programa Sala de Notícias, do Canal Futura).

Romero Britto
http://www.britto.com.br/










Romero Britto no Twitter:
http://twitter.com/brittopopart


Claro que existem vários outros artistas brasileiros a serem conhecidos: Cildo Meireles e Nuno Ramos também merecem a atenção! Depois coloco uns links sobre eles!

quarta-feira, setembro 09, 2009

UP


Ontem eu vi “UP” no cinema, em 3D. (Sobre o fato de ser 3D quero comentar que isso me dá dor de cabeça! Acho mega legal... mas enfim, fico meio zonza!) A 10ª animação da Pixar me deixou muito emocionada, me fez pensar muito sobre minha vida e me mostrou o quanto eu adoro filmes de animação.
Vou fazer alguns comentários que talvez sejam “spoilers”, por isso se você não gosta de saber algumas coisas antes de ver o filme, não continue lendo! Hehehehe! A história do filme é sobre um velhinho de 70 e poucos anos (acho que é essa a idade dele) chamado Carl Fredricksen que foge para uma aventura com sua casa pendurada por balões. O mais interessante é o porque dessa aventura! (E esse motivo foi o que me fez chorar). O filme começa quando Carl ainda é uma criança. Ele era aficionado por aventuras e por um explorador que tinha ido para a América do Sul a bordo de um dirigível mas que tinha sido desacreditado pela comunidade científica por falsificar a ossada de um ser que ele dizia ter descoberto em sua viagem. Em uma de suas “aventuras” ele conhece Elle, uma menininha que, como ele, também era louca por aventuras e pelo explorador. Ela, inclusive era muito mais aventureira do que ele. Ele era quietão e tímido, ela era destemida e falante. Elle tinha um grande sonho: chegar até o recanto das cachoeiras, que fica em algum lugar da América do Sul. Tinha até um livro para anotar suas aventuras quando chegasse lá. A menina era tão “aventureira” que tinha até roubado uma página de um livro da biblioteca que tinha uma imagem do lugar paradisíaco. O tempo passa, eles se casam. O tempo passa... eles tentam ter filhos mas não podem... Apesar de terem ficado tristes, continuam a viver suas vidas... e o tempo continua passando. E o sonho de ir para o recanto das cachoeiras, na América do Sul não acontece. A viagem sempre é adiada por problemas financeiros e percalços ao longo do caminho... Até que eles envelhecem e a viagem começa a ficar ainda mais impossível. Carl resolve comprar passagens aéreas para eles viajarem para a América do Sul, mas Elle fica doente. Muito doente. E... ela morre. (Que triste!!! Chorei nessa parte). Carl fica muito triste e rabugento. A casinha que ele viveu com a mulher e que ele tanto amava estava ameaçada. Toda a vizinhança estava tomada por construções de prédios... e os construtores queriam aquele espaço para erguer outro prédio. Um dia Carl bate em um funcionário das obras (mas o cara mereceu! Hehehehe) e é considerado uma ameaça para a sociedade, por ser muito idoso e viver sozinho. Ele será mandado para um asilo – mas ele não quer ir, então arma seu plano de fugir levando a casa e tudo. Como ele trabalhava vendendo balões é isso que ele usa para fazer sua casa flutuar! (Um pouco surreal isso! E faz a gente se lembrar daquela história do padre dos balões que “sumiu”.) Mas não é apenas uma fuga. Carl resolve resgatar o sonho de Elle de ir para a América do Sul, levar sua casa para o recanto das cachoeiras. A aventura ganha mais ritmo e se torna engraçada quando Carl descobre um passageiro clandestino em sua casa voadora: Russel, um menininho de uns 8 anos, escoteiro, que dias antes tinha aparecido na casa de Carl para tentar ajudá-lo (era tarefa dos escoteiros, entre outras, ajudar um idoso e se fizesse isso, Russel ganharia a última medalha que lhe faltava para subir de nível entre os escoteiros).
O personagem de Carl é geometrizado, o que lhe dá um aspecto mais duro e severo. Ele nem é carismático, pelo contrário... mas ao longo do filme não há como não se encantar com sua personalidade. A aproximação dele com o menino, que... Meu Deus, como parece com alguns de meus aluninhos fofuchos do sexto ano! (O garotinho, Russel, é oriental e gordinho. Um fofo!).
A história conta ainda com aves raras (a que o tal explorador tinha visto mas não tinha conseguido levar para os EUA), cachorros que têm uma coleira digital que os permite falar – e isso também dá uma certa graça ao filme! Há... também, como todo filme de criança* que se preze há um vilão! Mas esse vilão é estranho: é o tal explorador que tinha sumido há muito tempo, aquele que Carl e Elle eram fãs quando crianças. Pois é, ele ainda vivia na América do Sul com seus cachorros e ainda tentava capturar a tal ave rara para mostrar como ele não era um mentiroso! (O engraçado é que ele tem tanto trabalho para capturar a ave e Russel, sem querer a encontra e eles ficam amigos!).
Bom, sem mais detalhes sobre o filme. O que eu queria dizer é que mais uma vez a Pixar me deixou feliz. Esse filme fala muito sobre o amor, fala muito sobre valorizar as pequenas coisas, porque afinal de contas, são de pequenas coisas que a vida é feita. São os pequenos momentos que nos ensinam. Nossa.... quando Carl abre o livro de Elle, e vê que ela colou fotos deles no espaço destinado às aventuras, eu chorei mais uma vez. Me fez pensar no quanto eu amo meu maridão, e no quanto as coisas que vivemos juntos são importantes. Não precisamos explorar florestas, viajar o mundo e nem fazer grandes planos... cada gesto, cada sorriso, cada coisinha simples é uma grande aventura. A vida por si só é uma grande aventura e vale a pena, desde que estejamos com quem amamos. Um domingo no parque, um café da manhã na cama, um abraço carinhoso... coisas simples mas que valem muito.
Espero que a criançada que viu (e as que ainda vão ver) o filme possa pensar sobre isso. Carl e Elle viveram uma aventura linda e incrível!!! Se casaram e foram felizes mesmo com dificuldades. A gente não pode esquecer disso.
Ah, coloquei o “asterisco” em criança porque não acho que os filmes da Pixar sejam exatamente pra crianças. Eu adoro todos eles! E mesmo não sendo mais uma criança, ainda me divirto e paro pra pensar com eles.
Pra quem não conhece todos os filmes da Pixar, ai vai a lista:
1. Toy Story (1995)
2. Vida de Inseto (1998)
3. Toy Story 2 (1999)
4. Monstros S.A. (2001)
5. Procurando Nemo (2003)
6. Os Incríveis (2004)
7. Carros (2006)
8. Ratatouille (2007)
9. Wall-E (2008)
10. Up (2009)

E estão pra lançar o “Toy Story 3”.
Se você ainda não viu algum, veja. Vale muito a pena!
(A Pixar também tem uma série de curtas incríveis).

Aqui tem um dos curtas. No youtube tem vários! É só procurar!!!




Beijocas a todos!

terça-feira, setembro 08, 2009

Um Help

Queridos
Ando com tanta vontade de escrever... mas com tão pouco tempo.
Queria ter feito posts novos mas não consegui.

O importante é lembrar dos movimentos.

Pós Impressionismo

http://prosalunos.blogspot.com/2006/09/ps-impressionismo.html

Impressionismo

http://prosalunos.blogspot.com/2006/08/impressionismo.html

Realismo

http://prosalunos.blogspot.com/2006/08/realismo.html


Também é interessante, quem puder, dar uma "passeio" pelo Museu D'Orsay de Paris (tá... passeio virtual já tá ótimo!) que é o principal museu de arte dessa época, com obras importantíssimas do Realismo, do Impressionismo e do Pós-impressionismo.

http://www.musee-orsay.fr

Abraço!

domingo, agosto 23, 2009

Crepúsculo e cia.

Sobre a série CREPÚSCULO, de Stephanie Meyer

A primeira vez que ouvi falar de Crepúsculo foi ano passado, quando o filme estava para estrear. Li alguma coisa no jornal e fiquei bastante curiosa para ver, já que sempre gostei muito de histórias e filmes de vampiros. Acontece que, no dia que eu ia ver, estávamos em família e meu sobrinho tinha menos de 12 anos – a idade da censura do filme. Como não conhecia praticamente nada sobre o enredo, nada além do fato de ser uma história sobre vampiros e sobre uma humana que se apaixonava por um deles – que também se apaixonava por ela, pensei que era melhor não levá-lo para ver. Geralmente, os filmes de vampiros são um pouco assustadores e meu sobrinho não é a pessoa mais corajosa do mundo.



Deixei pra lá. Abri mão de ir ao cinema e fiquei com os sobrinhos enquanto minha irmã foi com seu namorado. Quando eles saíram do cinema a reação deles foi: Ah, legal... mas meio fraquinho. Como a recepção deles não foi boa, não me preocupei em voltar ao shopping para isso. Acontece que, alguns dias depois, os sobrinhos vieram para casa. Era férias e, como todos os anos, eles vem passar uns dias conosco. Minha sobrinha de 14 anos tinha assistido Crepúsculo e, o sobrinho menos também queria ver. Baixamos o filme da internet (não queria gastar dinheiro com um filme que, segundo minha irmã, era fraco). Nessa altura minhas alunas já comentavam sobre a história e que o Edward era lindo... Assistimos. Bom, naquela noite eu conheci um pouco mais sobre “Twilight”. Bom, achei o filme bonitinho... Mas, ao ver o filme, não vi nada demais em Edward. O ator Robert Pattinson não me parecia tão bonito. Inclusive a maquiagem do filme me incomodou muito. Aqueles atores com o rosto branco era demais! A maquiagem estava só no rosto... era possível ver onde terminava o “pancake” e isso me irritou um pouquinho! Nossa... que produção meia-boca!, pensei. Enfim, acabou o filme, minha sobrinha continuava suspirando pelo Edward e eu estava sem entender o motivo por tantos “suspiros”.

O tempo passou, minha sobrinha continuava suspirando pelo Edward. Ela estava lendo “Lua Nova”. As aulas voltaram no colégio e lá também as meninas suspiravam pelo vampirinho branquelo. Elas também devoravam os livros. Mas para encher o saco que qualquer outra coisa, eu comentava em algumas salas e para minha sobrinha que o Edward era feio. Todas as meninas encantadas com aquela saga me fuzilavam com os olhos, como que dizendo: vc é uma louca! Ele é lindo!!! Para resumir essa parte da história, os suspiros pelo tal Edward eram tão fortes, a devoção das adolescentes pela série era tão grande que eu me rendi e fui ler os livros. Eu estava realmente precisando, naquele momento, de alguma coisa para me distrair, algum livro fácil para ler no metrô, no ônibus e antes de dormir. Meu cérebro estava quase entrando em pane de só ler coisas “sérias” relativas à História da Arte.

Peguei o livro “Crepúsculo” nas mãos. A capa me agradou. Mãos que seguram uma maçã bem vermelha. A maçã da árvore do paraíso, o fruto proibido? (fiz essa relação antes mesmo de abrir o livro, já que, como disse, já tinha visto o filme e já sabia do que se tratava). Comecei a me envolver com a história. Apesar de achar o texto não muito bom, a leitura era fácil... exatamente o que eu estava procurando. Por um instante não teve como não me identificar com a Bella: a menina atrapalhada, branquela, que muda de cidade, que gosta de ler, que não é boa em esportes... Era quase um retrato da Taci de dez anos atrás. Achei isso engraçado! Mas eu sabia que ela iria se apaixonar pelo vampiro e, bom... essa não era a Taci (por mais que eu sempre tivesse sido apaixonada por vampiros, sobretudo quando era adolescente). Gostei bem mais do livro que do filme, o que era previsível. E, para meu espanto, consegui ver que o Edward era sim lindo. Quando descobri isso, fiquei ainda com mais raiva do filme... e da pessoa que selecionou os atores: todos muito feios – no livro os vampiros são tão lindos. A única atriz que estava no lugar certo era a personagem de Alice – que é ainda mais apaixonante, pra mim, que o Edward. Ela é uma fofa! Hehehehehe Li “Crepúsculo” em poucas horas. Depois senti necessidade de ler “Lua Nova”. Precisava de alguma coisa pra ler e estava realmente curiosa pra saber onde essa história ia parar. Gostei bastante desse livro. Muitas aluninhas disseram que esse é o mais fraco. Deve ser porque Edward vai embora e fica a maior parte do livro sem aparecer! Hehehehehehe! Ainda assim gostei do livro. Eu preciso confessar que o Jacob me encanta mais que o Edward e, que torci muito pra Bella ficar com ele! Hehehehehe





Ok, pra resumir mais uma vez a história, assim que acabei “Lua Nova” emendei em “Eclipse” e, depois em “Amanhecer”. De modo geral gostei da história de Stephanie Meyer. Consegui entender o motivo por tanto escândalo por parte das adolescentes. Ainda continuo achando uma literatura fraca e com defeitos. Acho, por exemplo, que a saga de Harry Potter é bem melhor, bem mais bem escrita e bem mais bem amarrada (apesar de também ter defeitos).
Acho que o personagem Bella, uma menina tão comum, fez com que de cara as adolescentes se identificassem. O fato de Edward ser lindo, inteligente, rico, romântico e amar a Bella, fez com que as meninas suspirassem por ele. Mas, por exemplo, algumas meninas me disseram que ele é perfeito. Não é não! Está longe de ser perfeito. Primeiro porque ele é um vampiro, e por mais que isso seja interessante, não o torna perfeito. Ele é machista!!! Sim, muito machista! E me irritava, às vezes, as atitudes de Bella, que o obedecia.
Também tem algumas coisas meio estranhas. Por exemplo, porque a Meyer não colocou Carlisle tendo uns 35, 40 anos??? Ele poderia ser gato (existem tantos homens maravilhosos que tem essa idade!) e ficaria muito mais plausível. No filme o ator até parece mais velho, mas no livro, ele aparenta ser mais jovem que eu. Ai fica complicado! Ele é tão lindo e tão jovem! Como as pessoas acreditam que ele tenha feito medicina??? E que seja um médico tão bom sendo, no máximo, um recém formado!?? Outra coisa... Como o Charlie, pai da Bella, nunca percebeu que Edward entrava quase todas as noites no quarto da filha?? Eles conversavam, às vezes até discutiam... Poxa, Charlie é um policial! Como nunca ouviu nada??!! O quarto livro tem alguns erros, inclusive. Não sei se são problemas da tradução ou se eles são da autora (eu li os livros em português e não os originais).
Acho que é super bacana se envolver com a saga, super bonitinho as meninas suspirarem pelo vampiro, mas acho importante que também haja uma reflexão sobre isso tudo. Bella é tão jovem pra saber que ele é o amor da sua vida! Sei que a maioria dos adolescentes acha que nunca mais vai amar ninguém, que o namoradinho de agora será pra sempre. Nós aprendemos tanto com o tempo, mudamos tanto... Não sei se a atitude dela é um bom exemplo! Ainda mais com a idade que ela tem! A vida ainda nem tinha começado! Ela nem tinha conhecido quase nada... Tá, pode ser que exista amor à primeira vista... (algo parecido, quem sabe, como tal imprinting), mas amor não é paixão, e eu me preocupo que alguns adolescentes possam agir sem pensar inspirados nesse romance. Amor é muito mais amizade, companheirismo que desejo (que vamos combinar, não falta naquela relação). O que faz um amor durar pra sempre são essas pequenas coisas. O Edward é machista e ainda tem tantos costumes do começo do século... Eu realmente acho que, se eles fossem humanos, a história deles não iria durar pra sempre.
Estou ansiosa pra assistir “Lua Nova” nos cinemas. Esses dias eu fui para a 25 de março e um rapaz tentou me vender um DVD pirata com o filme... Fiquei curiosa, mas não comprei. Se nem estreou no cinema, ainda, não deve ser o filme terminado. Não custa esperar um pouco (o tempo passa tão rápido!).
Ah, também quero comentar sobre o quarto livro (é spoiler!)
Fala sério o nome que a Bella dá pra filha deles!!! Afe!!! Parece coisa daquelas pessoas mais simples, que inventam nomes assim pros filhos juntando o nome do pai e da mãe, ou o nome dos avós... Afe! Horrível! Coitada da criança. O que mais me irritava era ela brigando com as pessoas que a chamavam de Nessie! Ainda bem que no fim ela também a chama assim! Ufa! Hehehehehehe
Sobre o lado bom, acho muito interessante toda a idéia de família, amor e amizade que os livros passam. Da importância dessas coisas. Da importância de aprender a lidar com o diferente, com o desconhecido. Também acho interessante em pensar na família de Carlisle e na maneira como eles vivem: sem sangue humano. E com eles aprendemos que vale a pena fazer sacrifícios para sermos bons. Aprendemos que podemos fazer diferença e que vale a pena.
Foi interessante ver o momento em que eles chamam os amigos para testemunhar sobre Rennesme para os Volturi. O quanto é possível lidar com a diferença e ainda assim conseguir trabalhar em equipe. Ainda assim lutar por um mesmo ideal.
Acho que a história poderia continuar. Poderíamos acompanhar o crescimento de Rennesme pelo menos até ela ficar de fato com Jacob (afe, outra vez esse negócio de não ter escolhas! Mas tudo bem... lendas são lendas! Hehehe).
Para quem gosta de vampiros e ainda não viu, é importante assistir “Dracula de Bran Stoker”, um filme incrível dirigido por Francis Ford Coppola. Com Gary Oldman (o Sirius Black! Hehehehe) , Winona Ryder, Anthony Hopkins e Keanu Reeves. Esse filme ganhou 3 Oscars e é o melhor, na minha opinião.
Também gosto muito de outros (menos Cult, mas que ainda assim gosto!)
“A Hora do Espanto”, um filme de 1985 (meio trash) que tem um vampiro gato que conquista as mulheres! Bem filme anos 80! Mas era um dos meus preferidos quando eu era adolescente.
“Entrevista com vampiro”, que tem Tom Cruise, Brad Pitt, Antonio Banderas, Stephen Rea, Christian Slater e Kirsten Dunst no elenco. Eu gosto desse filme – apesar de conhecer muita gente que fale mal. (Pelo menos tem muitos gatos! Esses sim vampiros lindos de morrer! Hahahahaha)
Também tem os livros de RPG! As histórias são incríveis. Em “Vampiro, a máscara” você quase acredita que eles existem de verdade. É muito bom!
Enfim... Nada contra s série Crepúsculo. Leiam mesmo!!!! Edward é lindo sim!!!! Mas... apreciem com moderação!

Beijos!

domingo, agosto 09, 2009

Barbie

Esses dias enquanto passeava no shopping dei uma volta por uma loja de brinquedos. Ainda (apesar de já não ser tecnicamente uma criança) gosto muito de lojas de brinquedos!!! Apesar de ser menina, nunca me encantei demais pelas bonecas... minha atenção sempre foi maior para os jogos de tabuleiro, lego, quebra-cabeças e até personagens de desenhos animados como he-man e comandos em ação. Nesse meu recente passeio me deparei com uma cena que me fez ter vontade de vir até aqui e colocar um texto que há muito tempo recebi, mas que até agora faz muito sentido. Ele fala sobre a boneca Barbie! Pois é, a cena que eu vi era uma menininha de uns sete anos, aparentemente, urrando feito bicho, para que os pais comprassem um tipo de castelo da "dita cuja"... Pelo que espiei, o castelo custava R$300,00, não era uma bagaltela!!! Ainda assim a menina gritava e esmurrava o chão querendo possuir aquele objeto de desejo!


A BARBIE
(de Ruben Alves)

As bonecas foram os primeiro brinquedos inventados pelos homens. Por isso eu acho que os pais fazem muito bem em dar uma boneca de presente para as suas filhinhas.
Com uma exceção, é claro: se a boneca não for a Barbie. Porque a Barbie não é uma boneca. É uma bruxa.
Posso imaginar o espanto nos seus olhos. Eu imagino também os seus pensamentos: O Rubem perdeu o juízo. A Barbie é uma boneca de plástico, não mexe, não pensa, não fala. E agora ele diz que ela é uma bruxa...
Pois eu digo que a Barbie é uma bruxa. Bruxa enfeitiça. Enfeitiçada, a pessoa deixa de ter pensamentos próprios. Só pensa o que a bruxa manda.
De novo você vai me contestar, dizendo que a Barbie não fala e não tem vontade. Por isso não pode nem dar ordens e nem ser obedecida. Errado.
O fantástico é que ela, sem falar e sem ter vontade, tenha mais poder sobre a alma da criança que os pais. Nascida em 1959, em 1970 mais de 12 milhões já tinham sido vendidas. Um negócio da China. E por quê? Porque a Barbie, diferente das bonecas antigas, bebês que se contentam com uma chupeta e um chocalho, tem uma voracidade insaciável.
A Barbie está sempre incompleta. Portanto, com ela vem sempre uma pitada de infelicidade. Aliás, essa é a regra fundamental da sociedade consumista: é preciso que as pessoas se sintam infelizes com o que têm, para que trabalhem e comprem o que não têm. A Barbie tem esse poder: quem a tem está sempre infeliz porque há sempre algo que não se tem, ainda. E os engenheiros da inveja, a serviço das fabricas, se encarregam de estar sempre produzindo esse novo objeto que ainda não foi comprado. Mas inútil comprar. Porque logo outro será produzido. É uma cenoura na frente do burro... Ela nunca será comida.
Quem dá uma Barbie para uma criança põe a criança numa arapuca sem saída. Porque, ao ter uma Barbie, ela ingressa no Clube das meninas que têm Barbie. E as conversas, nesse clube, são assim: Eu tenho o chalé da praia da Barbie. Você não tem. Ao que a outra retruca: Não tenho chalé, mas tenho marido loiro da Barbie, que você não tem.
Mas há uma saída. E, para ela, procuro sócios. Vamos começar a produzir o próximo e definitivo complemento para a bruxa de plástico: urnas funerárias para a Barbie. “Por vezes o feitiço só se quebra com o assassinato da feiticeira - por mais bonitinha que ela seja...”


Crônica de Ruben Alves, extraída do livro Teologia do Cotidiano, publicada no Correio Popular, de Campinas, em 10 de janeiro de 1994.





Espero que tenham gostado do texto!!!


Espero que pensem sobre ele!

quinta-feira, julho 02, 2009

JULHO, FRIO, FÉRIAS

Férias de julho.

O primeiro dia de férias: chuva e frio. Fiquei em casa em baixo do cobertor vendo filme e lendo Harry Potter!!! (O filme foi "Across the Universe" que já vi várias vezes mas gosto muito. Além disso, como mostrei pros alunos do segundo ano algumas cenas me deu vontade de ver inteiro outra vez). Sobre Harry Potter... eu adoro esse bruxinho, vocês sabem disso! hehehe! E como daqui uns dias estréia o novo filme nos cinemas, estou relendo o livro (como sempre faço). O mais curioso é que sempre me arrependo de ter lido antes porque sempre detesto o filme. Mas depois eu vou novamente ao cinema, compro o dvd e passo a amar o filme! hehehehe! Bom, pelo menos isso aconteceu com os anteriores. Ainda assim comecei a reler o "Half blood".

Outra coisa que me deixa feliz é que agora posso jogar Rock Band tranquila!!! Sem peso na consciência! hehehehehe!!!! Quem sabe até agosto me torno Expert!

Quero aproveitar esse post pra colocar o link de "I Want You" do filme "Across the Universe".



Se quiserem mais peguem no You Tube. Lá é possível encontrar todas as cenas!


Link com o post que coloquei os trabalhos dos alunos de 2008 sobre esse mesmo tema.
http://prosalunos.blogspot.com/2008/12/boas-frias.html

Depois eu escrevo mais!!

Boas férias!

quarta-feira, maio 27, 2009

Jardim das Delícias

Atendendo a pedidos 2!

Pouco se sabe sobre Hieronymus Bosch. Sabemos que viveu na cidade holandesa de Hertogenbosch e que faleceu em 1516 – mas não sabemos quantos anos tinha. Nos mostrou em suas obras que as tradições da pintura que serviam para mostrar a realidade bem podiam servir para mostrar no contrário. Com isso criou quadros que, apesar de trazerem elementos que nenhum olho humano jamais viu (salvo nos sonhos) de modo convincente.
Por esse motivo, esse artista que viveu no período conhecido como Renascimento, pode ser chamado até de “surrealista”. (Claro que o termo está sendo usado de maneira anacrônica – o movimento surrealista surge apenas em 1924 com um manifesto do poeta André Bretton).
Bosch é autor de uma das obras mais extraordinárias e misteriosas da História da Arte: O JARDIM DAS DELÍCIAS.
Poucas obras têm dado lugar a tantas explicações contraditórias, imaginárias e sem sentido. Também são poucas as obras que conseguem, de maneira como essa, mexer com o espectador: é impossível ficar indiferente.
Pouco sabemos sobre sua origem. Quando chega à Espanha dizem que é “uma pintura sobre a variedade do mundo”. Alguns ainda se limitavam a chamá-la de “a pintura das maçãs”.
Se o tríptico está fechado contemplamos uma visão do universo criado por Deus. Acima, um versículo bíblico que diz “Ipse dixit et facta sunt. Ipse mandavit et creata sunt” (Ele mesmo disse e tudo foi feito. Ele mesmo ordenou e tudo foi criado.) Estamos no terceiro dia. É então que surge o “Paraíso”.
Na parte da esquerda se vê o paraíso e Adão e Eva. O anúncio da aparição do pecado se percebe através de seres monstruosos e agressivos que parecem romper a harmonia imposta pelo Criador. O painel do centro mostra o homem que descobre todos os prazeres, em especial os carnais e que se deixa seduzir por eles. Este é o centro de atenção da obra, onde se encontra um mundo de fantasia em que vemos misturados animais, vegetais, objetos... Figuras antropomórficas das mais incríveis e frutos carnosos e suculentos que atingem a altura de homens. A conseqüência do mergulho nesse ambiente está à direita. Esses homens se condenarão ao inferno: lugar fantástico, apoteose de beleza do mar, totalmente ambíguo.
Provavelmente Bosch se baseou na literatura fantástica de sua época, misturando suas crenças cristãs e seu gosto pelo popular.

Observem alguns detalhes dessa obra tão complexa e tirem vocês mesmos suas conclusões.

VISTA DO TRIPTICO FECHADO:

VISTA DO TRIPTICO ABERTO:



PARAÍSO:

Detalhe do "paraíso"



O JARDIM DAS DELÍCIAS:


Detalhes de "O jardim das Delícias":













O INFERNO MUSICAL:



Detalhes de "O Inferno Musical"
















Dados técnicos da obra:
Tríptico "O jardim das delícias", c. 1500
Óleo sobre madeira, 190 x 175 cm (central); 187,5x 76,5 cm (laterais)
Museu do Prado, Madri
(dados técnicos tirados do catálogo "El Bosco y la pintura flamenca del siglo XV" de Joaquín Yarza Luaces - Fundação Amigos del Museo del Prado).
Espero que gostem!

Renascimento no Norte da Europa

Atendendo a pedidos!

O Renascimento que acontece no Norte da Europa (onde hj é a Alemanha, a Holanda e a Bélgica, por ex) não é muito parecido com o Renascimento Italiano. Geralmente quando se fala em "renascimento" se pensa em Itália, Florença, Leonardo Da Vinci e Monalisa! hehehehe! Está correto, porém, é importante lembrarmos que esse humanismo e essa revolução artística não aconteceu só na Itália!!! No norte da Europa nós também tivemos uma grande revolução cultural!
Lá, como não eram herdeiros da cultura clássica romana (que havia se baseado muito na cultura grega) eles retomam, na verdade, a arte medieval e chamada de bárbara pelos latinos. Por isso as pinturas têm mais cor e são mais realistas.
Podemos dizer que o que os une aos italianos é o antropocentrismo e a valorização do pensamento humano, da ciência e da pesquisa.

Alguns importantes artistas (e suas obras)

--> Notem o modo como os artisas usam as cores!
--> Reparem na representação das pessoas! Não há a busca pela beleza ideal!

Jan Van Eyck

“As Bodas de Arnolfini”, 1434
Óleo sobre madeira: 81,8 x 59,7 cm - National Gallery, Londres


"O Chanceler Rolinc e a Virgem", 1435
Óleo sobre madeira: 66 x 62 cm, Musée du Louvre, Paris


Hans Holbein

"Os Embaixadores", 1533
Óleo sobre madeira: 207 x 209.5 cm, National Gallery, Londres


Pieter Bruegel
"Jogos Infantis", 1560
Óleo sobre madeira: 118 x 161 cm, Kunsthistorisches Museum, Viena


"Festa de casamento", c. 1568
Óleo sobre madeira: 114 x 164 cm, Kunsthistorisches Museum, Viena
Espero que ajude!
Beijocas!

segunda-feira, maio 18, 2009

PARANÓIA OU MISTIFICAÇÃO


PARANÓIA OU MISTIFICAÇÃO
Monteiro Lobato
Estado de São Paulo, 20/12/1917

Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que vêm as coisas e em consequência fazem arte pura, guardados os eternos ritmos da vida, e adotados, para a concretização das emoções estéticas, os processos clássicos dos grandes mestres.
Quem trilha esta senda, se tem gênio é Praxiteles na Grécia, é Rafael na Itália, é Reynolds na Inglaterra, é Dürer na Alemanha, é Zorn na Suécia, é Rodin na França, é Zuloaga na Espanha. Se tem apenas talento, vai engrossar a plêiade de satélites que gravitam em torno desses sóis imorredouros.
A outra espécie é formada dos que vêm anormalmente a natureza e a interpretam à luz das teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica de escolas rebeldes, surgidas cá e lá como furúnculos da cultura excessiva. São produtos do cansaço e do sadismo de todos os períodos de decadência; são frutos de fim de estação, bichados ao nascedouro. Estrelas cadentes, brilham um instante, as mais das vezes com a luz do escândalo, e somem-se logo nas trevas do esquecimento.
Embora se dêem como novos, como precursores de uma arte a vir, nada é mais velho do que a arte anormal ou teratológica: nasceu como a paranóia e a mistificação.
De há muito que a estudam os psiquiatras em seus tratados, documentando-se nos inúmeros desenhos que ornam as paredes internas dos manicômios.
A única diferença reside em que nos manicômios essa arte é sincera, produto lógico dos cérebros transtornados pelas mais estranhas psicoses; e fora deles, nas exposições públicas zabumbadas pela imprensa partidária mas não absorvidas pelo público que compra, não há sinceridade nenhuma, nem nenhuma lógica, sendo tudo mistificação pura.
Todas as artes são regidas por princípios imutáveis, leis fundamentais que não dependem da latitude nem do clima.
As medidas da proporção e do equilíbrio na forma ou na cor decorrem do que chamamos sentir. Quando as coisas do mundo externo se transformam em impressões cerebrais, “sentimos”. Para que sintamos de maneira diversa, cúbica ou futurista, é forçoso ou que a harmonia do universo sofra completa alteração, ou que o nosso cérebro esteja em desarranjo por virtude de algum grave destempero.
Enquanto a percepção sensorial se fizer no homem normalmente, através da porta comum dos cinco sentidos, um artista diante de um gato não poderá “sentir” senão um gato; e é falsa a “interpretação” que o bichano fizer do totó, um escaravelho ou um amontoado de cubos transparentes.
Estas considerações são provocadas pela exposição da sra. Malfatti, onde se notam acentuadíssimas tendências para uma atitude estética forçada no sentido das extravagâncias de Picasso & Cia.
Essa artista possui um talento vigoroso, fora do comum. Poucas vezes, através de uma obra torcida em má direção, se notam tantas e tão preciosas qualidades latentes. Percebe-se, de qualquer daqueles quadrinhos, como a sua autora é independente, como é original, como é inventiva, em que alto grau possui umas tantas qualidades inatas, das mais fecundas na construção duma sólida individualidade artística.
Entretanto, seduzida pelas teorias do que ela chama arte moderna, penetrou nos domínios de um impressionismo discutibilíssimo, e pôs todo o seu talento a serviço duma nova espécie de caricatura.
Sejamos sinceros: futurismo, cubismo, impressionismo e tutti quanti não passam de outros ramos da arte caricatural. É a extensão da caricatura a regiões onde não havia até agora penetrado. Caricatura da cor, caricatura da forma – mas caricatura que não visa, como a verdadeira, ressaltar uma idéia, mas sim desnortear, aparvalhar, atordoar a ingenuidade do espectador.
A fisionomia de quem sai de uma de tais exposições é das mais sugestivas.
Nenhuma impressão de prazer ou de beleza denunciam as caras; em todas se lê o desapontamento de quem está incerto, duvidoso de si próprio e dos outros, incapaz de raciocinar e muito desconfiado de que o mistificaram grosseiramente.
Outros, certos críticos, sobretudo, aproveitam a vasa para “épater le bourgeois” (chocar o burguês). Teorizam aquilo com grande dispêndio de palavreado técnico, descobrem na tela intenções inacessíveis ao vulgo, justificam-nas com a independência de interpretação do artista; a conclusão é que o público é uma besta e eles, os entendidos, um grupo genial de iniciados nas transcedências sublimes duma Estética Superior.
No fundo, riem-se uns dos outros – o artista do crítico, o crítico do pintor. É mister que o público se ria de ambos.
“Arte moderna”: eis o escudo, a suprema justificação de qualquer borracheira.
Como se não fossem moderníssimos esse Rodin que acaba de falecer, deixando após si uma esteira luminosa de mármores divinos; esse André Zorn, maravilhoso virtuose do desenho e da pintura; esse Brangwyn, gênio rembrandtesco da babilônia industrial que é Londres; esse Paul Chabas, mimoso poeta das manhãs, das águas mansas e dos corpos femininos em botão.
Como se não fosse moderna, moderníssima, toda a legião atual de incomparáveis artistas do pincel, da pena, da água-forte, da “ponta-seca”, que fazem da nossa época uma das mais fecundas em obras primas de quantas deixaram marcos de luz na história da humanidade.
Na exposição Malfatti figura, ainda, como justificativa da sua escola, o trabalho de um “mestre” americano, o cubista Bolynson. É um carvão representando (sabe-se disso porque o diz a nota explicativa) uma figura em movimento. Ali está entre os trabalhos da sra. Malfatti em atitude de quem prega: eu sou o ideal, sou a obra prima; julgue o público do resto, tomando-me a mim como ponto de referência.
Tenhamos a coragem de não ser pedantes; aqueles gatafunhos não são uma figura em movimento; foram isto sim, um pedaço de carvão em movimento. O sr. Bolynson tomou-o entre os dedos das mãos, ou dos pés, fechou os olhos e fê-lo passear pela tela às tontas, da direita para a esquerda, de alto a baixo. E se não fez assim, se perdeu uma hora da sua vida puxando riscos de um lado para outro, revelou-se tolo e perdeu o tempo, visto como o resultado seria absolutamente igual.
Já em Paris se fez uma curiosa experiência: ataram uma brocha à cauda de um burro e puseram-no de traseiro voltado para uma tela. Com os movimentos da cauda do animal a brocha ia borrando um quadro...
A coisa fantasmagórica disso resultante foi exposta como um supremo arrojo da escola futurista, e proclamada pelos mistificadores como verdadeira obra prima que só um ou outro raríssimo espírito de eleição poderia compreender.
Resultado: o público afluiu, embasbacou, os iniciados rejubilaram – e já havia pretendentes à compra da maravilha quando o truque foi desmascarado.
A pintura da sra. Malfatti não é futurista, de modo que estas palavras não se lhe endereçam em linha reta; mas como agregou à sua exposição uma cubice, queremos crer que tende para isso como para um ideal supremo.
Que nos perdoe a talentosa artista, mas deixamos cá um dilema: ou é um gênio o sr. Bolynson e ficam riscadas desta classificação, como insignes cavalgaduras cortes inteiras de mestres imortais, de Leonardo a Rodin, de Velazquez a Sorolla, de Rembrandt a Whistler, ou... vice versa. Porque é de todo impossível dar o nome de obra d’arte a duas coisas diametralmente opostas como, por exemplo, a “Manhã de Setembro” de Chabas e o carvão cubista do sr. Bolynson.
Não fosse profunda a simpatia que nos inspira o belo talento da sra. Malfatti, e não viríamos aqui com esta série de considerações desagradáveis. Como já deve ter ouvido numerosos elogios à sua nova atitude estética, há de irritá-la como descortês impertinência a voz sincera que vem quebrar a harmonia do coro de lisonjas.
Entretanto, se refletir um bocado verá que a lisonja mata e a sinceridade salva.
O verdadeiro amigo de um pintor não é aquele que o entontece de louvores; sim, o que lhe dá uma opinião sincera, embora dura, e lhe traduz chãmente, sem reservas, o que todos pensam dele por detrás.
Os homens têm o vezo de não tomar a sério as mulheres artistas. Essa é a razão de as cumularem de amabilidades sempre que elas pedem opinião.
Tal cavalheirismo é falso; e sobre falso nocivo. Quantos talentos de primeira água não transviou, não arrastou por maus caminhos, o elogio incondicional e mentiroso? Se víssemos na Sra. Malfatti apenas a “moça prendada que pinta”, como as há por aí às centenas, calar-nos-íamos, ou talvez lhe déssemos meia-dúzia desses adjetivos bombons que a crítica açucarada tem sempre à mão em se tratando de moças.
Julgamo-la, porém, merecedora da alta homenagem que é ser tomada a sério e receber a respeito de sua arte uma opinião sinceríssima – e valiosa pelo fato de ser o reflexo da opinião geral do público não idiota, dos críticos não cretinos, dos amadores normais, dos seus colegas de cabeça não virada – e até dos seus apologistas.
Dos seus apologistas, sim, dona Malfatti, porque eles pensam deste modo... por trás.
OBS.: Meus queridos... assim que possível este texto estará na área exclusiva de vocês no site do colégio. Quem já quiser adiantar e pegá-lo daqui, ótimo!!!
Dá um "ctrl c" e "ctrl v" e coloca num documento de "word" que tá valendo! hehehehehehehehe
Abração a todos!

sexta-feira, maio 15, 2009

Deu vontade de escrever...

Estou em casa, na preguiça... deu vontade de vir aqui e escrever alguma coisa no blog. Sei lá se vocês lerão! Não me importo, realmente não vim aqui pensando se vocês lerão ou não. Claro que é sempre bom ter um retorno daquilo se posta pra saber se o blog serve pra alguma coisa.

Há tempos tentei escrever um blog de verdade, desses que a gente escrever coisas da vida... meio que como um "diário virtual" mesmo. Não consegui. Depois tentei criar um pra escrever coisas variadas que passavam pela minha cabeça - também não funcionou (acho que escrevi só um post decente).

Gosto muito desse blog, tenho realmente um carinho muito especial por ele (e também por aqueles que entram não só pra se dar bem nas provas). Ele já está comigo há anos... e acredito que seja útil. Bom, espero que seja!

Ano passado pensei seriamente em acabar com o blog - aconteceu uma confusão porque achei que estava na hora de dar liberdade aos meus leitores pra comentar... mas alguns passaram dos limites (encheram o blog de comentários idiotas e até falando mal dos alunos que vinham pra tirar dúvidas). Aquela vez fiquei realmente preocupada. Fiquei com medo que isso tudo pudesse prejudicar alguém, me prejudicar... Fiquei muito triste porque uma garota muito linda e especial ficou triste... Vê-la chorar me fez ficar absolutamente irada e me fez lembrar dela pra sempre (e espero do fundo do meu coração que ela seja muito feliz e tenha muito sucesso na vida!! Votos que - Deus me perdoe - não faço pros que causaram tal tumulto).

Mas não quero falar de coisas ruins.



Aproveito o post pra comentar com meus fofuchos e fofuchas que esse final de semana começa uma exposição IMPERDÍVEL (sim... daquelas que, quando vc chegar no céu São Pedro vai te perguntar se vc foi... e se vc não foi.... Ish, vai ter que dar meia volta!!! hehehehehe)



Arte na França 1860 -1960: O Realismo

Apartir de 16 de maio até 28 de junho de 2009



Não se esqueçam de aproveitar (quem puder, claro) a terça-feira - já que neste dia a entrada é gratuita. Nos demais o ingresso custa R$15,00 (e estudante paga R$7,00).



Gente... vamos aproveitar o "Ano da França no Brasil".

O site oficial é:

http://anodafrancanobrasil.cultura.gov.br/



Aqui em casa vou tentar convenser meu marido a comer "Ratatouille"! hehehehehe! Peguei uma receita que parece fantástica na internet!!! Mas vai ser difícil convencê-lo!!! Prometo que se conseguir vou tirar até fotos do acontecimento!!! Mas sim... Vamos entrar no clima do ano da França no Brasil!!

(Essa foto quem tirou foi o Fabio, meu marido - se não colocar os créditos aqui ele me mata! rs)


Semana que vem eu volto aqui pra colocar umas coisas pro pessoal do primeiro ano.



Grande abraço!!!

(agora deixa eu jogar rock band!!!!!)