domingo, agosto 23, 2009

Crepúsculo e cia.

Sobre a série CREPÚSCULO, de Stephanie Meyer

A primeira vez que ouvi falar de Crepúsculo foi ano passado, quando o filme estava para estrear. Li alguma coisa no jornal e fiquei bastante curiosa para ver, já que sempre gostei muito de histórias e filmes de vampiros. Acontece que, no dia que eu ia ver, estávamos em família e meu sobrinho tinha menos de 12 anos – a idade da censura do filme. Como não conhecia praticamente nada sobre o enredo, nada além do fato de ser uma história sobre vampiros e sobre uma humana que se apaixonava por um deles – que também se apaixonava por ela, pensei que era melhor não levá-lo para ver. Geralmente, os filmes de vampiros são um pouco assustadores e meu sobrinho não é a pessoa mais corajosa do mundo.



Deixei pra lá. Abri mão de ir ao cinema e fiquei com os sobrinhos enquanto minha irmã foi com seu namorado. Quando eles saíram do cinema a reação deles foi: Ah, legal... mas meio fraquinho. Como a recepção deles não foi boa, não me preocupei em voltar ao shopping para isso. Acontece que, alguns dias depois, os sobrinhos vieram para casa. Era férias e, como todos os anos, eles vem passar uns dias conosco. Minha sobrinha de 14 anos tinha assistido Crepúsculo e, o sobrinho menos também queria ver. Baixamos o filme da internet (não queria gastar dinheiro com um filme que, segundo minha irmã, era fraco). Nessa altura minhas alunas já comentavam sobre a história e que o Edward era lindo... Assistimos. Bom, naquela noite eu conheci um pouco mais sobre “Twilight”. Bom, achei o filme bonitinho... Mas, ao ver o filme, não vi nada demais em Edward. O ator Robert Pattinson não me parecia tão bonito. Inclusive a maquiagem do filme me incomodou muito. Aqueles atores com o rosto branco era demais! A maquiagem estava só no rosto... era possível ver onde terminava o “pancake” e isso me irritou um pouquinho! Nossa... que produção meia-boca!, pensei. Enfim, acabou o filme, minha sobrinha continuava suspirando pelo Edward e eu estava sem entender o motivo por tantos “suspiros”.

O tempo passou, minha sobrinha continuava suspirando pelo Edward. Ela estava lendo “Lua Nova”. As aulas voltaram no colégio e lá também as meninas suspiravam pelo vampirinho branquelo. Elas também devoravam os livros. Mas para encher o saco que qualquer outra coisa, eu comentava em algumas salas e para minha sobrinha que o Edward era feio. Todas as meninas encantadas com aquela saga me fuzilavam com os olhos, como que dizendo: vc é uma louca! Ele é lindo!!! Para resumir essa parte da história, os suspiros pelo tal Edward eram tão fortes, a devoção das adolescentes pela série era tão grande que eu me rendi e fui ler os livros. Eu estava realmente precisando, naquele momento, de alguma coisa para me distrair, algum livro fácil para ler no metrô, no ônibus e antes de dormir. Meu cérebro estava quase entrando em pane de só ler coisas “sérias” relativas à História da Arte.

Peguei o livro “Crepúsculo” nas mãos. A capa me agradou. Mãos que seguram uma maçã bem vermelha. A maçã da árvore do paraíso, o fruto proibido? (fiz essa relação antes mesmo de abrir o livro, já que, como disse, já tinha visto o filme e já sabia do que se tratava). Comecei a me envolver com a história. Apesar de achar o texto não muito bom, a leitura era fácil... exatamente o que eu estava procurando. Por um instante não teve como não me identificar com a Bella: a menina atrapalhada, branquela, que muda de cidade, que gosta de ler, que não é boa em esportes... Era quase um retrato da Taci de dez anos atrás. Achei isso engraçado! Mas eu sabia que ela iria se apaixonar pelo vampiro e, bom... essa não era a Taci (por mais que eu sempre tivesse sido apaixonada por vampiros, sobretudo quando era adolescente). Gostei bem mais do livro que do filme, o que era previsível. E, para meu espanto, consegui ver que o Edward era sim lindo. Quando descobri isso, fiquei ainda com mais raiva do filme... e da pessoa que selecionou os atores: todos muito feios – no livro os vampiros são tão lindos. A única atriz que estava no lugar certo era a personagem de Alice – que é ainda mais apaixonante, pra mim, que o Edward. Ela é uma fofa! Hehehehehe Li “Crepúsculo” em poucas horas. Depois senti necessidade de ler “Lua Nova”. Precisava de alguma coisa pra ler e estava realmente curiosa pra saber onde essa história ia parar. Gostei bastante desse livro. Muitas aluninhas disseram que esse é o mais fraco. Deve ser porque Edward vai embora e fica a maior parte do livro sem aparecer! Hehehehehehe! Ainda assim gostei do livro. Eu preciso confessar que o Jacob me encanta mais que o Edward e, que torci muito pra Bella ficar com ele! Hehehehehe





Ok, pra resumir mais uma vez a história, assim que acabei “Lua Nova” emendei em “Eclipse” e, depois em “Amanhecer”. De modo geral gostei da história de Stephanie Meyer. Consegui entender o motivo por tanto escândalo por parte das adolescentes. Ainda continuo achando uma literatura fraca e com defeitos. Acho, por exemplo, que a saga de Harry Potter é bem melhor, bem mais bem escrita e bem mais bem amarrada (apesar de também ter defeitos).
Acho que o personagem Bella, uma menina tão comum, fez com que de cara as adolescentes se identificassem. O fato de Edward ser lindo, inteligente, rico, romântico e amar a Bella, fez com que as meninas suspirassem por ele. Mas, por exemplo, algumas meninas me disseram que ele é perfeito. Não é não! Está longe de ser perfeito. Primeiro porque ele é um vampiro, e por mais que isso seja interessante, não o torna perfeito. Ele é machista!!! Sim, muito machista! E me irritava, às vezes, as atitudes de Bella, que o obedecia.
Também tem algumas coisas meio estranhas. Por exemplo, porque a Meyer não colocou Carlisle tendo uns 35, 40 anos??? Ele poderia ser gato (existem tantos homens maravilhosos que tem essa idade!) e ficaria muito mais plausível. No filme o ator até parece mais velho, mas no livro, ele aparenta ser mais jovem que eu. Ai fica complicado! Ele é tão lindo e tão jovem! Como as pessoas acreditam que ele tenha feito medicina??? E que seja um médico tão bom sendo, no máximo, um recém formado!?? Outra coisa... Como o Charlie, pai da Bella, nunca percebeu que Edward entrava quase todas as noites no quarto da filha?? Eles conversavam, às vezes até discutiam... Poxa, Charlie é um policial! Como nunca ouviu nada??!! O quarto livro tem alguns erros, inclusive. Não sei se são problemas da tradução ou se eles são da autora (eu li os livros em português e não os originais).
Acho que é super bacana se envolver com a saga, super bonitinho as meninas suspirarem pelo vampiro, mas acho importante que também haja uma reflexão sobre isso tudo. Bella é tão jovem pra saber que ele é o amor da sua vida! Sei que a maioria dos adolescentes acha que nunca mais vai amar ninguém, que o namoradinho de agora será pra sempre. Nós aprendemos tanto com o tempo, mudamos tanto... Não sei se a atitude dela é um bom exemplo! Ainda mais com a idade que ela tem! A vida ainda nem tinha começado! Ela nem tinha conhecido quase nada... Tá, pode ser que exista amor à primeira vista... (algo parecido, quem sabe, como tal imprinting), mas amor não é paixão, e eu me preocupo que alguns adolescentes possam agir sem pensar inspirados nesse romance. Amor é muito mais amizade, companheirismo que desejo (que vamos combinar, não falta naquela relação). O que faz um amor durar pra sempre são essas pequenas coisas. O Edward é machista e ainda tem tantos costumes do começo do século... Eu realmente acho que, se eles fossem humanos, a história deles não iria durar pra sempre.
Estou ansiosa pra assistir “Lua Nova” nos cinemas. Esses dias eu fui para a 25 de março e um rapaz tentou me vender um DVD pirata com o filme... Fiquei curiosa, mas não comprei. Se nem estreou no cinema, ainda, não deve ser o filme terminado. Não custa esperar um pouco (o tempo passa tão rápido!).
Ah, também quero comentar sobre o quarto livro (é spoiler!)
Fala sério o nome que a Bella dá pra filha deles!!! Afe!!! Parece coisa daquelas pessoas mais simples, que inventam nomes assim pros filhos juntando o nome do pai e da mãe, ou o nome dos avós... Afe! Horrível! Coitada da criança. O que mais me irritava era ela brigando com as pessoas que a chamavam de Nessie! Ainda bem que no fim ela também a chama assim! Ufa! Hehehehehehe
Sobre o lado bom, acho muito interessante toda a idéia de família, amor e amizade que os livros passam. Da importância dessas coisas. Da importância de aprender a lidar com o diferente, com o desconhecido. Também acho interessante em pensar na família de Carlisle e na maneira como eles vivem: sem sangue humano. E com eles aprendemos que vale a pena fazer sacrifícios para sermos bons. Aprendemos que podemos fazer diferença e que vale a pena.
Foi interessante ver o momento em que eles chamam os amigos para testemunhar sobre Rennesme para os Volturi. O quanto é possível lidar com a diferença e ainda assim conseguir trabalhar em equipe. Ainda assim lutar por um mesmo ideal.
Acho que a história poderia continuar. Poderíamos acompanhar o crescimento de Rennesme pelo menos até ela ficar de fato com Jacob (afe, outra vez esse negócio de não ter escolhas! Mas tudo bem... lendas são lendas! Hehehe).
Para quem gosta de vampiros e ainda não viu, é importante assistir “Dracula de Bran Stoker”, um filme incrível dirigido por Francis Ford Coppola. Com Gary Oldman (o Sirius Black! Hehehehe) , Winona Ryder, Anthony Hopkins e Keanu Reeves. Esse filme ganhou 3 Oscars e é o melhor, na minha opinião.
Também gosto muito de outros (menos Cult, mas que ainda assim gosto!)
“A Hora do Espanto”, um filme de 1985 (meio trash) que tem um vampiro gato que conquista as mulheres! Bem filme anos 80! Mas era um dos meus preferidos quando eu era adolescente.
“Entrevista com vampiro”, que tem Tom Cruise, Brad Pitt, Antonio Banderas, Stephen Rea, Christian Slater e Kirsten Dunst no elenco. Eu gosto desse filme – apesar de conhecer muita gente que fale mal. (Pelo menos tem muitos gatos! Esses sim vampiros lindos de morrer! Hahahahaha)
Também tem os livros de RPG! As histórias são incríveis. Em “Vampiro, a máscara” você quase acredita que eles existem de verdade. É muito bom!
Enfim... Nada contra s série Crepúsculo. Leiam mesmo!!!! Edward é lindo sim!!!! Mas... apreciem com moderação!

Beijos!

domingo, agosto 09, 2009

Barbie

Esses dias enquanto passeava no shopping dei uma volta por uma loja de brinquedos. Ainda (apesar de já não ser tecnicamente uma criança) gosto muito de lojas de brinquedos!!! Apesar de ser menina, nunca me encantei demais pelas bonecas... minha atenção sempre foi maior para os jogos de tabuleiro, lego, quebra-cabeças e até personagens de desenhos animados como he-man e comandos em ação. Nesse meu recente passeio me deparei com uma cena que me fez ter vontade de vir até aqui e colocar um texto que há muito tempo recebi, mas que até agora faz muito sentido. Ele fala sobre a boneca Barbie! Pois é, a cena que eu vi era uma menininha de uns sete anos, aparentemente, urrando feito bicho, para que os pais comprassem um tipo de castelo da "dita cuja"... Pelo que espiei, o castelo custava R$300,00, não era uma bagaltela!!! Ainda assim a menina gritava e esmurrava o chão querendo possuir aquele objeto de desejo!


A BARBIE
(de Ruben Alves)

As bonecas foram os primeiro brinquedos inventados pelos homens. Por isso eu acho que os pais fazem muito bem em dar uma boneca de presente para as suas filhinhas.
Com uma exceção, é claro: se a boneca não for a Barbie. Porque a Barbie não é uma boneca. É uma bruxa.
Posso imaginar o espanto nos seus olhos. Eu imagino também os seus pensamentos: O Rubem perdeu o juízo. A Barbie é uma boneca de plástico, não mexe, não pensa, não fala. E agora ele diz que ela é uma bruxa...
Pois eu digo que a Barbie é uma bruxa. Bruxa enfeitiça. Enfeitiçada, a pessoa deixa de ter pensamentos próprios. Só pensa o que a bruxa manda.
De novo você vai me contestar, dizendo que a Barbie não fala e não tem vontade. Por isso não pode nem dar ordens e nem ser obedecida. Errado.
O fantástico é que ela, sem falar e sem ter vontade, tenha mais poder sobre a alma da criança que os pais. Nascida em 1959, em 1970 mais de 12 milhões já tinham sido vendidas. Um negócio da China. E por quê? Porque a Barbie, diferente das bonecas antigas, bebês que se contentam com uma chupeta e um chocalho, tem uma voracidade insaciável.
A Barbie está sempre incompleta. Portanto, com ela vem sempre uma pitada de infelicidade. Aliás, essa é a regra fundamental da sociedade consumista: é preciso que as pessoas se sintam infelizes com o que têm, para que trabalhem e comprem o que não têm. A Barbie tem esse poder: quem a tem está sempre infeliz porque há sempre algo que não se tem, ainda. E os engenheiros da inveja, a serviço das fabricas, se encarregam de estar sempre produzindo esse novo objeto que ainda não foi comprado. Mas inútil comprar. Porque logo outro será produzido. É uma cenoura na frente do burro... Ela nunca será comida.
Quem dá uma Barbie para uma criança põe a criança numa arapuca sem saída. Porque, ao ter uma Barbie, ela ingressa no Clube das meninas que têm Barbie. E as conversas, nesse clube, são assim: Eu tenho o chalé da praia da Barbie. Você não tem. Ao que a outra retruca: Não tenho chalé, mas tenho marido loiro da Barbie, que você não tem.
Mas há uma saída. E, para ela, procuro sócios. Vamos começar a produzir o próximo e definitivo complemento para a bruxa de plástico: urnas funerárias para a Barbie. “Por vezes o feitiço só se quebra com o assassinato da feiticeira - por mais bonitinha que ela seja...”


Crônica de Ruben Alves, extraída do livro Teologia do Cotidiano, publicada no Correio Popular, de Campinas, em 10 de janeiro de 1994.





Espero que tenham gostado do texto!!!


Espero que pensem sobre ele!