segunda-feira, abril 20, 2015

Renascimento

O Renascimento marca a transição entre a Idade Média e a Idade Moderna. O termo está relacionado ao ressurgimento dos valores e interesses intelectuais e artísticos da Antiguidade Clássica Greco-romana.
Com isso, valores mais humanistas começam a mudar não só a arte, mas o mundo.
É importante salientar que, apesar desse valor humanista, o Renascimento ainda está bastante ligado à Igreja Católica, tanto que podemos ver muitas obras com temas bíblicos na arte da Renascença.
Além desses temas cristãos, a mitologia grega (revisitada pelos romanos) também passa a ser explorada como tema pelos artistas renascentistas.
O Renascimento se deu principalmente na Itália, sendo a cidade de Florença o principal polo cultural da época.

As principais características do Renascimento são:

  • Humanismo - pensamento que valoriza o homem e seus feitos (e não apenas Deus, como o pensamento medieval).
  • Racionalidade - os artistas queriam entender como as coisas funcionavam (podemos incluir a natureza e o corpo humano). Pesquisas da ciência e da matemática podem ser vistas nas obras renascentistas, como por exemplo a "perspectiva linear".
"A perspectiva linear é uma técnica na qual o artista pode criar a impressão de profundidade tridimensional numa superfície plana. como ciência, a perspectiva está relacionada à ótica )o estudo da visão e do olho humano), mas como sistema pictórico ela só foi completamente desenvolvida no começo do século XV, em meio à atmosfera intelectual e artística única da Renascença florentina. Pela primeira vez na história da pintura havia um sistema matemático para calcular como dimensionar proporcionalmente o tamanho dos personagens e elementos em relação à distância." (in. Farthing, Stephen. Tudo sobre a arte)
  • Equilíbrio - podemos relacionar essa característica ao gosto pela simetria e pelas composições equilibradas (com ponto de fuga* central no caso de pinturas e esculturas bastante serenas e com movimentos contidos). O equilíbrio também se relaciona ao pensamento racional, já que uma pessoa mais racional é mais equilibrada em suas decisões e expressões faciais e corporais, por exemplo.
  • Mimesis - imitação da natureza à partir de sua observação.
  •  Idealização - os renascentistas buscavam um ideal de beleza em suas obras e para tanto procuravam melhorar certas características da natureza observada (mais ou menos o que a sociedade atual faz ao utilizar o "photoshop" nas imagens digitalizadas).
Para os renascentistas o BELO era perfeito e bom, mas o perfeito só existe no mundo das ideias - por isso a idealização.
Para atingir o BELO buscavam o equilíbrio da simetria, que para eles era algo perfeito.


O Renascimento Italiano pode ser dividido em duas partes (ou períodos):
- Quattrocento (século XV)
- Cinquecento (século XVI), que também ficou conhecido como "Alta Renascença".

No quattrocento podemos destacar os trabalhos de pintura de Sandro Botticelli, as esculturas de Donatello e a arquitetura de Brunelleschi.

"Alegoria da Primavera", c. 1480 (Galeria Uffizi, Florença)
Sandro Botticelli


"Nascimento de Vênus", c. 1485 (Galeria Uffizi, Florença)
Sandro Botticelli


"Davi", c. 1409 (Museu Nacional de Bargello, Florença)
Donatello


"Davi", c. 1440 (Museu Nacional de Bargello, Florença)
Donatello


Cúpula da catedral de Santa Maria del Fiore, em Florença (1434) -  Filippo Brunelleschi
Essa foi a primeira cúpula de grandes dimensões erguida na tália desde a antiguidade clássica.



No Cinquecento estão os artistas mais famosos do Renascimento: Leonardo da Vinci, Michelangelo e Rafael Sanzio.
O pensamento humanista ganha força nessa época. Essa visão é exemplificada pelos desenhos e estudos de Leonardo da Vinci sobre a anatomia humana.
Dentre seus estudos, o mais famoso (e o que mais ilustra esse pensamento antropocêntrico) é o "Homem Vetruviano", c. 1492 (Galeria da Academia, Florença).


Florença continuava a ser uma cidade importante, porém, na Alta Renascença, Roma passa a ser o centro artístico mais importante. A "Cidade Eterna" tinha a sede do papado (Vaticano) e o legado clássico romano e por isso a maioria dos grandes artistas estava lá.

O principal mecenas do Renascimento Italiano nessa época foram os Papas. Desde o papa Sisto IV (que ordenou a construção da Capela Sistina), muitos papas contrataram artistas renascentistas para decorar a Basílica de São Pedro, salas e capelas do Vaticano e suas próprias tumbas (como o papa Julio II que encomendou a famosa escultura de Moises, de Michelangelo).

Leonardo da Vinci certamente foi o mais famoso artista de todo o movimento.

"Talvez nenhum outro artista na história da arte ocidental tenha encarnado como Leonardo da Vinci o conceito de gênio. Entre a Florença dos Médici e a Milão dos Sforza, esse homem excepcional une os campos da arte e da ciência e amplia - a limites desconhecidos até então - os horizontes do conhecimento e da beleza, produzindo algumas das obras pictóricas mais importantes de todos os tempos.
A vida de Leonardo transcorre num momento histórico em que o poder das ideias busca mudar os rumos do mundo e transitar da religiosidade da Idade Média para a racionalidade do Renascimento."
(Leonardo da Vinci, Coleção Folha - Grandes Mestres da Pintura)

Leonardo não tem muitas pinturas acabadas (e algumas outras não temos certeza se são dele ou não), ainda assim, nas poucas obras que deixou, cativou a humanidade.
Uma de suas principais marcas visuais é o "sfumato": transição suave e quase imperceptível entre as áreas de cor na pintura. Suas obras parecem não ter contornos definidos por causa dessa técnica.

Suas principais obras são:
"Virgem dos Rochedos", 1483-1486 (Museu do Louvre, Paris)


"A última ceia", 1495-1497 (Convento de Santa Maria dele Grazie, Milão)



"Mona Lisa" (Gioconda), 1503-1506 (Museu do Louvre, Paris)


Rafael Sanzio também foi um importante pintor do Renascimento Italiano. Foi um dos principais artistas do Vaticano, responsável pela decoração das capelas da Basílica de São Pedro.
Uma de suas obras mais conhecidas está no Palácio Apostólico do Vaticano:
"A Escola de Atenas", 1510-1511


"Em Escola de Atenas filósofos, matemáticos, astrônomos e cientistas da Antiguidade conversam sob uma imponente basílica, aparentemente baseada nos antigos projetos de Bramante para a nova Igreja de São Pedro (que, por sua vez, foram inspirados nas ruínas da Basílica de Maxêncio, no Fórum Romano). No centro da imagem estão Platão e Aristóteles, claramente identificados pelos títulos de seus livros: Platão aponta para cima, para o mundo das ideias, enquanto Aristóteles estende a mão aberta entre o céu e a terra. Leonardo da Vinci, com uma longa barba branca serviu de modelo para Platão, ao passo que Michelangelo, sentado num degrau em primeiro plano, com seu braço apoiado num bloco de mármore, representa o matemático Heráclito. No canto, à direita, próprio Rafael, olhando para fora da pintura." (in. Farthing, Stephen. Tudo sobre a arte)

Rafael ficou conhecido como o pintor das "Madonas", pois o tema que mais trabalhou ao longo de sua carreira foi a representação da virgem Maria com o menino Jesus no colo.

Exemplo: Madonna Tempi, c. 1508 (Alta Pinacoteca, Mônaco de Baviera)


Michelangelo foi o maior escultor do Renascimento (apesar de também ter sido um grande arquiteto e pintor).
Entre suas principais esculturas estão:

"Pietá", 1497-1500 (Basílica de São Pedro, Vaticano)



"Davi", 1501-1504 (Galleria dell'Accademia, Florença) - Há uma réplica em tamanho menor da praça de Signoria, também em Florença.



"Moisés", 1513-1516 (túmulo do papa Júlio II, Roma)


Sua pintura mais famosa na verdade é um grupo de pinturas localizadas na Capela Sistina (1508-1512: teto; 1537-1541: painel do Juízo Final)

Teto da Capela Sistina:

Juízo Final:


Dentre todos os painéis da Capela Sistina, sem dúvidas, o mais conhecido é "A criação de Adão".
Muitos comentam que Michelangelo teria colocado a figura de Deus dentro de uma estrutura que lembra o cérebro humano. Seria um questionamento humanista sobre a criação? (Deus cria o homem ou o homem, em sua mente, cria Deus?)


A obra arquitetônica mais famosa de Michelangelo é a cúpula da basílica de São Pedro, no Vaticano.


Visão interna: